Neste pequeno artigo você não vai encontrar nenhum guru musical falando faça isso e aquilo, irei compartilhar com vocês de que forma organizei meus estudos ao longo de tantos anos de prática deliberada no instrumento musical. Ao longo do texto irei falar sobre algumas ideias e mindset que penso serem pertinentes ao tema.
Não tente abraçar o mundo inteiro de uma só vez!
Ao longo do tempo temos a tendência de esquecer como começamos a fazer determinada coisa. Na prática da docência sempre me preocupei muito em não ser simplesmente a cópia de alguém, ou mesmo o famoso professor "papagaio", essa atuação me levou a refletir muito sobre essa temática.
O principal ponto é que quando começamos a estudar um assunto não temos tantas coisas para nos preocupar, tendo em vista que nem conhecimento da existência delas temos.
Um exemplo prático para ajudar a ilustrar: Há um tempo atrás para se aprender violão/ guitarra tínhamos o recurso da revistinha que era adquirida na banca; Neste ponto inicial a preocupação estava voltada para conseguir tocar aquelas músicas que ali tinham a cifra, em alguns casos a tablatura. O estudante focava em aprender os acordes, suas trocas, a levada rítmica da música, em alguns casos pesquisar a gravação daquela música. Apesar de todos esses recursos o objetivo era muito claro, conseguir tocar aquelas músicas!
Quando pensamos nessa realidade e comparamos com a nossa atual tomamos um choque. Com pouca informação tínhamos um maior foco, atualmente com o vasto compartilhamento de conhecimentos temos maior possibilidade de desenvolvimento, porém maior chance de dispersão da nossa atenção .
Como dizem por aí não adianta chorar no leite derramado, a nossa atual realidade é de ter grande circulação de informação. Por isso é tão importante este conceito de limitar os materiais, para conseguir assimilar determinado conteúdo.
O que poderia dizer é que o início é a melhor parte do processo de aprendizado, quando descobrimos coisas que nem tínhamos pensado antes. Aproveite esse privilégio de dar a cada assunto o tempo que ele necessita para ser assimilado, não pegue coisas demais para fazer nesse início porque ás vezes o que você precisa fazer é "tocar algumas músicas" como era no tempo do tirar de ouvido, das revistinhas de cifra, curta o processo que no fim da caminhada será compensatório!
Menos é mais!
Este conceito apesar ser muito simples tem muita aplicabilidade para obter um melhor aproveitamento no seu estudo diário. É o caso de muitas pessoas terem pouco tempo para estudar, e por meio deste lema "menos é mais" que você faz seus estudos avançarem mesmo com pouco tempo disponível.
É aquele velho ditado "De grão em grão a galinha enche o papo", na música não é muito distante disso. O mais importante é você ter em mente que precisa ter constância diária mesmo que seja pouco tempo destinado ao estudo do instrumento.
- Como obter melhor aproveitamento do estudo?
Retornando ao primeiro tópico que coloquei neste artigo, a ideia é bem simples quanto mais tempo dedico a um determinado assunto mais especializado neste assunto vou ficando.
No estudo musical quando isso ocorre por um período de tempo é bastante proveitoso, no entanto temos de tomar um cuidado para não ficar "viciado" em somente um assunto.
O exemplo mais comum que temos é na guitarra, desenvolvemos estudos de solos e na maioria das vezes o que vamos tocar em um evento são as música com em média três minutos, que tem algo de menos de um terço de solo, a conclusão é que o solo também compõe a música mas fazer uma boa "base" ou o famoso feijão com arroz é mais importante para compor todo.
A dica para desenvolver mais seus estudos é simples, menos assuntos para um maior enfoque. Antecipando sobre meu processo de estudo, atualmente divido o mesmo em dois grandes assuntos; Técnica ( focado na mão direita, e na mão esquerda separadamente; também costumo praticar as duas juntas) e Repertório ( Estudos, e músicas que toco).
Muitas pessoas vão achar pouco estes dois assuntos, mas, para minha pessoa tem funcionado bem, é simples e funcional. Tem alguns desdobramentos destes dois assuntos macros que irei relatar mais adiante no texto.
Na minha visão o importante é que esse planejamento de estudo funcione bem para você, e se adapte a sua realidade. O principal do planejamento é que ele funcione de forma prática, sem isso não faz muito sentido lógico.
- Porque é importante planejar meus estudos musicais?
Para muitas pessoas pode parecer obvio a resposta a essa pergunta, mas, penso ser pertinente expor o porque se planejar até para podermos refletir de porque fazemos essa prática.
A ideia por traz de um planejamento de estudo musical é bem simples, calcula se o tempo disponível para a prática, os assuntos de interesse ou pertinentes, se distribui os assuntos de forma que sejam mais fáceis de compreender e assimilar.
Na prática o planejamento do seu estudo vai evitar você ficar se fazendo a pergunta " o que eu tenho que estudar?" ou mesmo " onde quero chegar", destinando esse tempo precioso para prática.
Na minha experiência prática já tive vários planejamentos de estudos, e noto que ao longo do tempo os assuntos vão se modificando, como dito anteriormente em meu processo o que tem dado bons resultados é o planejamento mais simples possível, onde não perco tempo pensando em "o que estudar?" mas utilizando esse tempo para realmente estar estudando.
- O que fazer agora?
Como dito acima não adianta muito fazer o planejamento de estudo mais elaborado, calculando cada minuto, se na prática ele não funciona. O meu planejamento é simples, mas, funcional para minha pessoa, isso é o importante. Irei mostrar como faço o meu com uma tabelinha abaixo, espero que te inspire!
Outra dica: Não pode perder muito tempo fazendo planejamento do que vai estudar, porque o importante é realmente estudar e não ficar planejando demais!
Abaixo demonstro algo bem próximo do meu planejamento atual de estudo de contrabaixo acústico.
-Mão direita
Tipos de arcada: detache, spiccato, martelle, staccato.
Normalmente faço o arco inteiro, metade superior e inferior.
-Mão esquerda
Capotraste, Vibrato, escalas.
Normalmente nas escalas faço notas longas ou semínima, depende de como está a afinação, costumo fazer em três oitavas.
-Repertório
Músicas e estudos que estão em processo, ou manutenção de peças do repertório
Normalmente procuro pegar peças estimulem coisas diferentes, por exemplo cada uma com um tipo diferente de arcada.
O que recomendaria é essa divisão básica entre técnica e repertório, com isso em vista acredito que muita coisa se resolve, outro fator é ter em mente que o objetivo final é fazer música! a técnica vai ser uma ferramenta que trabalha a favor da música. Afinal de contas acho que até hoje estou apenas "tocando algumas músicas".